segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Entrevista com os Phazer

CapaPhazer é uma banda de rock oriunda de Lisboa, formada em 2004, que editou recentemente o seu primeiro álbum, “Kismet”. Sucessor do EP “Revelations”, de 2006, “Kismet” é um álbum sólido de rock, desprovido de quaisquer imposições de preconceitos estéticos limitadores ao género musical onde se inserem. Depois de a banda nos contactar e nos enviar o cd promo para ouvir o álbum, convidámos Paulo Miranda, vocalista, a responder a algumas perguntas, e aqui fica o registo da nossa conversa:

(A)corda Partida: Na biografia que acompanha o cd promo diz “A banda de Lisboa identifica-se principalmente dentro do género Rock, mas sem limitar-se a qualquer tipo de estilo musical, abordando e combinando vários sons alternativos”. Que outros géneros musicais e bandas influenciam a vossa música?

Paulo Miranda: A nossa música é a combinação dos diferentes géneros de música com que crescemos e ouvimos, e entre nós na banda, não existe um padrão estreito sobre o género de música que ouvimos e gostamos, por exemplo, alguns géneros que eu gosto, como Stoner Rock ou Alternative Rock, não fazem parte das preferências de outros membros, ou outras bandas que foram grandes nos anos 80, dentro do movimento Glam Rock, a mim não me dizem nada e a outros dizem. Depois, é claro que existe muitos gostos em comum dentro da banda, mas nós de forma espontânea utilizamos essa diversidade de linguagens musicais para fazermos o som de PhaZer, uma combinação que tenha bom gosto e que inclua tudo aquilo que achamos que faz sentido existir, seja qual for o género e sem um fio condutor previamente definido do estilo de som de PhaZer. Por vezes somos criticados por isto, por não termos uma identidade sonora definida, mas acho que estas multi-identidades acabam por ser a nossa própria e única identidade, talvez esquizofrénica, mas é aquilo que gostamos de forma sincera e descomprometida. Agora identificar que outros géneros são, muito difícil, até porque com o tempo e os arranjos das nossas músicas, por vezes já não nos lembramos qual foi a primeira ideia que deu origem a determinada música. Já usamos funk no Revelations, a própria música Kismet deste último álbum, que apesar do ambiente árabe tem acordes de base Flamenco. São alguns e temos a preocupação de não nos deixarmos prender por uma linha musical específica em termos de influências de modo a não nos tornarmos seus reféns.

(A)corda Partida: O vosso novo álbum, “Kismet”, é um conjunto de canções sem nenhuma ligação especial entre si, ou pertencem todas a um determinado assunto? É um álbum conceptual? Fala-nos sobre o que o álbum trata.

Paulo Miranda: Talvez a ideia de que não tenham ligação seja devido à tal multi-identidade sonora, mas na verdade têm uma ligação muito forte, especialmente a nível lírico. O título do álbum, Kismet, significa Destino em Turco, e acaba por resumir e caracterizar toda a temática das letras e conceito do álbum, que exploram a condição humana da dualidade, da indecisão, do confronto, das dúvidas, da raiva, do arrependimento, do medo, da revolta, sem nunca se saber qual será o caminho a seguir, ou qual será o nosso Destino. A capa do álbum Kismet do Filipe Geier (autor do artwork) acaba por representar isso também, e quanto a mim, é uma capa que conseguiu captar brilhantemente a essência lírica e musical de todas as músicas deste álbum.

(A)corda Partida: O tema título do álbum, “Kismet”, tem sons e samples com influência árabe, principalmente ao início. Têm algum significado especial,PHAZER_KISMET_Promo_Photo_3 ou estão lá só porque soa bem?

Paulo Miranda: Nos PhaZer acreditamos que qualquer nota musical, qualquer som, ou qualquer palavra, tem que ter um significado ou traduzir uma emoção forte para nós, não nos faz sentido, criar e arranjar música apenas porque soa bem, sem representar algo de importante para nós, seja por emoção ou pelo valor da mensagem transmitida. Existe em nós o desejo de dizer algo, mas apenas achamos que merecemos partilha-lo quando esse algo a ser dito é importante ou que representa as nossas mais fortes emoções.

De facto a musica ficou com esse ambiente árabe, porque sentimos que era esse o imaginário a que nos transportava. Esse imaginário está fortemente ligado à letra, que acaba por contar uma historia relacionada com as Guerras Religiosas, sem nunca se perceber se existe o lado certo ou errado das duas facções. Em relação ao discurso árabe da introdução, foi especialmente difícil encontrarmos o que nós queríamos, visto que nenhum de nós sabe falar árabe. É uma passagem do Corão, que mais à frente na música é declamada parte dela em inglês por mim, onde é então dito que os “infiéis” serão perseguidos mesmo que se escondam em torres altas e fortes. É uma passagem que espontaneamente e popularmente costumam associar ao acontecimento de 11 de Setembro, o que nos agradou exactamente por isso e acreditamos que veio enriquecer a letra e música.

(A)corda Partida: Não pude deixar de reparar na participação especial da Patrícia Andrade, corista que já trabalhou com bandas como os Moonspell e The Vanity Sessions, entre outros. Como surgiu a oportunidade de trabalhar com ela?

Paulo Miranda: Quando estávamos em estúdio a produzir a música Serious Killer, começamos a experimentar diferentes abordagens à música face ao que tínhamos composto e identificamos que a música pedia um toque feminino na introdução, e através de um amigo em comum convidámos a Patrícia Andrade que gentilmente assentiu ao nosso convite e ficámos muito surpreendidos com a excelente capacidade da Patrícia que rapidamente se identificou com o imaginário do Serious Killer e esteve impecável na sua performance. Ficamos muito satisfeitos pelo resultado e por contarmos com a sua voz fabulosa para enriquecer esta música.

(A)corda Partida: O que acham das análises e impressões do “Kismet” pela imprensa especializada até agora, dentro e fora de Portugal?

Paulo Miranda: Têm sido bastante boas, nós gostamos muito deste disco e acreditamos que ele é de facto uma evolução do Revelations, mas nunca sabemos como será a reacção das pessoas e da imprensa. E até agora, temos ficado totalmente surpreendidos com o feedback dos fãs e da imprensa e dos contactos que recebemos, ao nosso novo álbum. As criticas têm sido de facto fantásticas e esperamos continuar a receber mais.

(A)corda Partida: Reparei que no vosso website ainda não têm nenhum concerto agendado. Quando se vão “fazer à estrada” para estrear os temas do novo álbum ao vivo? Têm alguma coisa planeada para actuar fora do país?

Paulo Miranda: Sim, começámos recentemente a fazer agendamentos para iniciar a promoção ao disco a partir do próximo mês (Novembro) e durante o próximo ano 2011. Actualmente temos já confirmadas as seguintes datas:

· 05-11-2010 – Side B (Benavente);

· 12-11-2010 – A Sala (Cacém, Sintra);

· 13-11-2010 – FNAC Cascais – Showcase Acústico;

· 17-12-2010 – In Live (Moita);

· 18-12-2010 – Renhau Renhau (Costa da Caparica, Almada).

(A)corda Partida: Como é ser-se músico cá em Portugal? Achas que cá é possível “ganhar a vida” exclusivamente da música?

PHAZER_Logo Paulo Miranda: Sinceramente acho que não, se consideramos “ganhar a vida” exclusivamente do seu projecto de originais. O mercado Português é muito pequeno e está completamente dominado por um conjunto de artistas e por vezes, a conta-gotas, entra um novo artista no círculo estreito de quem vive exclusivamente dos rendimentos do seu projecto de originais. Um exemplo que podemos referir de experiência própria, são os rendimentos por direitos de autor, é coisa que não existe de forma controlada e fiscalizada em Portugal, logo os artistas mais pequenos a nada têm direito mesmo sabendo que passam na rádio e afins. Em termos de concertos, é também difícil conseguir evoluir de forma sustentada as nossas condições e infra-estruturas para fazermos melhores espectáculos, porque já não existe o hábito generalizado de ir ver bandas de originais ao vivo aos clubes mais pequenos, face a outros anos e países que têm bem enraizados esses hábitos. Ou seja, temos um mercado mais difícil para as bandas evoluírem comparando com outros mercados, mesmo na Europa. Mas é o nosso, e aqui estamos!

(A)corda Partida: Já têm algumas ideias para um possível futuro álbum, ou ainda é muito cedo para começar a pensar nisso?

Paulo Miranda: Já temos algumas músicas e ideias na gaveta, mas ainda é muito cedo para começarmos a pensar nele. Para já, estamos esperançados com o resultado do nosso primeiro álbum Kismet e desejosos de ir para a estrada e partilha-lo ao vivo com os nossos fãs.

(A)corda Partida: Alguma mensagem que queiras deixar aos fãs dos Phazer?

Paulo Miranda: Apenas um Muito Obrigado por partilharem connosco um pouco do seu tempo e energia em ouvir as nossas músicas e estarem presentes nos nossos concertos. Sentir ao vivo, mesmo à nossa frente o apoio, a força e o gosto por estas músicas, completa-nos em relação a todo o trabalho que fizemos em estúdio e compensa todas as dificuldades que encontrámos pelo caminho. Este primeiro álbum Kismet representa tudo isso, é um disco totalmente dedicado a todo esse espírito com que vivemos durante mais de dois anos na Revelations Tour. Este novo disco é dedicado aos nossos fãs com a nossa mais sincera gratidão.

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Está disponível no website e myspace da banda (www.gophazer.com / www.myspace.com/gophazer), a edição promocional do novo álbum com quatro músicas disponíveis em streaming, estando o single “Serious Killer” disponível para download gratuito.

Para finalizar, o staff da (A)corda Partida quer agradecer aos Phazer por nos terem cedido um cd promo e dispendido tempo para responderem a esta entrevista. Um abraço, boa sorte para o futuro, e oxalá que nos encontremos um dias destes num vosso concerto ao vivo, quem sabe. ;)

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente entrevista! :D