terça-feira, 11 de outubro de 2011

" Heróis do Mar" - Miguel Ângelo - Parte II

...

A participação no Festival da Canção foi para ganhar, para chocar ou para se divertirem? O último lugar ajudou a promover a banda?

Foi um misto de atitudes. Era importante aparecermos daquela maneira, pondo em causa uma série de noções relativas à música portuguesa que aparecia na TV. Em certa medida ajudou, destacou-nos do evento em si.



E quais foram os piores momentos da carreira?

Por duas vezes existiram, mortes associadas indirectamente (ou nas imediações) aos concertos, e de gente bem nova. Esses momentos são piores que qualquer fracasso...

Qual a razão do fim dos Delfins? Já não faria sentido continuar? Não achas que os dois últimos discos poderiam ter tido outro impacto se não houvesse um certo preconceito contra os Delfins?

Foram 25 anos bem documentados em canções. Alturas há em que precisamos de parar e recomeçar para que tudo faça sentido e nos oiçam outra vez.



Na tua opinião, quais os maiores factores de desmembramento e fim das bandas?

Divergência de opinião artística, sei lá, drogas, álcool...

Qual a tua opinião acerca do efeito de álcool e drogas na criação musical?

O efeito é nulo em termos de criatividade. Vejo isso mais com um escape de lazer em relação a épocas de maior pressão.

Qual foi para ti a década de ouro da música, porquê,e quais as maiores bandas de sempre?

Os anos 60 marcaram pois foram feitas centenas de boas canções de estrutura clássica na pop. Mas todas as décadas seguintes foram importantes e tiveram as suas pérolas.

Os Resistência marcaram uma era na música portuguesa. Como surgiu esse projecto? Voltavas a integrá-lo hoje com a mesma malta?

Acho que esse tipo de experiências resultam em dadas alturas e com certas pessoas. Repeti-las é um erro. O que não quer dizer que não se faça one night only...

E quanto aos Movimento, como surgiram?

Primeiro foi um convite de editoras, depois o entusiasmo criado tornou o colectivo numa verdadeira banda. Julgo que era preciso mexer na década em que mexemos (1965-1974).

A cultura mod é uma paixão tua. Fala-me um pouco disso. O que acontece em Portugal nessa área?

Acontecem festas e comunhão de interesses musicais, cinematográficos, enfim, culturais, de um grupo de gente que gosta de estar atenta tanto ao passado como ao futuro.

Palavra Puxa Palavra:

Stones: puros azuis
Xutos & Pontapés: rollin'
Delfins: clássico
Cascais: vila piscatória?
Portugal: segundo a Moodys?
Mod: lifestyle
Beatles: 4 cabeleiras do apocalipse
Rock n' Roll: what ever happened to...?
PoP: come-se a si próprio
Público: o jornal??
Canção da vida: Ain't No Mountain High Enough

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Heróis do Mar" - Miguel Ângelo - Parte I

Boa Tarde!

De há uns anos para cá, passei a prestar atenção aos Delfins, depois de um clic que tive com a música Marcha dos Desalinhados e de ter gostado de um dos últimos álbuns da banda, o "Delfins". Nesta altura, apesar de manterem a qualidade que fez deles uma das melhores bandas pop/rock portuguesas de sempre, a sua popularidade tinha decrescido e muito, na minha opinião, por um certo preconceito instalado no público português.... mas isso fica para outras discussões.

Considero o Miguel Ângelo um excelente vocalista, um excelente "líder" da banda, e um excelente performer. Por isso, considerando-o um dos "heróis" da música portuguesa, convidei-o para uma entrevista. Parco em palavras mas directo ao assunto, aqui está a primeira parte da entrevista a Miguel Ângelo:


Descreve-me os projectos musicais da tua carreira.

DELFINS 1984-2009
RESISTÊNCIA 1991-1994
MOVIMENTO 2011-...
A SOLO 2012-...


Sentes que os Delfins foram injustiçados depois de um ou dois discos não terem tido a melhor aceitação? Havia quem sentisse isso no seio da banda?

Se calhar isso pesou um pouco, e nem todos temos a mesma fibra. Mas acho que fizemos bons discos até ao fim, com canções.


Quais os momentos da carreira dos Delfins e da tua própria que mais te marcaram?

Sem dúvida a tour O Caminho da Felicidade, em 1996. Mas também espectáculos como o Ser Maior, no Teatro da Trindade(1993) e o Breve Sumário da História de Deus, no teatro Gil Vicente(1994). E todas as viagens, especialmente a viagem a Timor.





Encontro-te várias vezes em concertos e festivais. Consideras-te um "festivaleiro"?

Gosto de música ao vivo e nos festivais prefiro os palcos secundários - ainda melhor se forem tendas! - pelas bandas emergentes e especialmente por o som ser lá melhor que nos ventosos palcos principais... Mas prefiro de longe ver um bom espectáculo numa boa sala. A vantagem dos festivais é a multiplicidade de bandas e a surpresa.


Quais as bandas/artistas que mais te influenciaram ou influenciam?

Desde cedo, artistas como o Bowie ou Marc Bolan, depois bandas como os The Jam e The Stranglers. Depois a soul music, inabalavelmente. Mas estou sempre a ter bandas preferidas, entre as novas que aparecem. De momento passeio-me no catálogo da Daptone...


Quais os concertos mais marcantes em que participaste? E aqueles a que assististe?

Concerto da Independência, em Timor, ou a 1ª parte da Tina Turner, em Alvalade, onde também tocámos no Portugal ao Vivo e Filhos da Madrugada. Dos que assisti - centenas... - destaco sempre o 1º: The Lamb Lies Down on Broadway tour, Genesis, em 1975. Onde vi também o James Brown, nos anos 80!


Como vês o estado actual da música portuguesa e que bandas destacas do nosso panorama?

Vejo e verei com muito bons olhos tudo o que for surgindo, sabendo por cá não basta existir, mas sempre resistir. Destaco Sean Riley and the SlowRiders, Os Lábios, The Poppers, X-Wife, Os Lacraus, Os Golpes, You Can't Win, Charlie Brown, Pega Monstro e claro, Movimento.


continua....

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Amy Winehouse 1983-2011

Boa tarde!

A música fala por si, aqui fica um vídeo e as palavras de Miguel Esteves Cardoso ao jornal Público.

Amy até sempre!





"Para todos nós que não conhecíamos Amy Winehouse pessoalmente (incluindo os muitos que pensavam que conheciam ou agiam e opinavam como se a conhecessem), a primeira pergunta que devemos fazer, antes ou depois de fazermos considerações condescendentes e sentimentalistas, é: comparando o prazer que cada um de nós deu a Amy Winehouse (a pequena percentagem que comprou a música dela) com o prazer que Amy Winehouse nos deu a todos, quem é que ficou a ganhar? Fomos nós. A música dela ("voz" é pouco) enriqueceu as nossas vidas para sempre ou, na mais mesquinha das gratidões, durante um bom bocadinho das nossas vidas. Resumindo: ela deu-nos muito mais do que recebeu de nós.


Back to Black é (muito mais do que "continua a ser", como quem fala do que vai morrer) um monumento elegante de interpretação pop. Ali estava uma rapariga inglesa e pequenina, de uma família judia, e freudianamente indisfarçada, que sabia cantar como se fosse gente grande.


Amy Winehouse morreu muito nova. Mas deixou-nos - deu-nos - muito mais do que a grande maioria de cantores e cantoras nos deixaram. Foi - era - uma alma que nos escapou e nos escapa. A verdade é que nos deixou muito mais do que nos roubou. Que foi nada.


Mas faz pena. Pobre coitada: não. Pobre gloriosa: sim. O nosso lamento - de não termos recebido mais - é um egoísmo guloso, que nos fica mal. Amy Winehouse valeu a vida e ficou a perder com a vida que nos deu. Obrigados, Amy Winehouse: deste tudo e não custaste nada."


Crónica de Miguel Esteves Cardoso no Público

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista com Pedro Chau PARTE II




















5 - Achas que se pode falar de uma "cena musical de Coimbra"? De "Capital do Rock"? Ainda que seja numa vertente mais "marginal"?


Existem pessoas a fazerem música ou a contribuir para ela participando de outros modos. Penso que como “cena” a coisa é fraquinha. Seria necessário uma unidade e inter-acção entre pessoas ainda maior que se identificasse com os mesmos sentimentos. Isso de chamar “capital do rock” a Coimbra só porque alguns grupos de cá se destacaram fora da cidade e fora do país acho que é um exagero. Quem é de cá ou já cá veio, deve saber das carências que continuam a existir como a falta de um público que se interesse e entenda a linguagem variada que o rock'n'roll vem tendo desde o seu nascimento na década de 50 até aos nossos dias. A Câmara Municipal também parece continuar a ignorar este lado da música que no fundo sempre foi e será o lado mais genuíno e criativo. Mas isto não é um problema só de Coimbra, mas sim de Portugal. Espanta-me como é que na década que passou, que foi tão interessante noutros países da Europa, aqui tenha sido tão adormecida. Mas agora dou-me conta que o sonambulismo foi geral, em muitas áreas. Portugal tem sido mais um país em que se consome e pouco se produz.
Apesar de tudo acho que as coisas estão a melhorar em relação a anos anteriores. Acaba de ser realizado o Bad Trip Festival no clube States e apesar de a aderência de pessoas não ter sido grande, houve um muito bom ambiente que certamente quem lá esteve não se vai esquecer. Acho que ao contrário de outros anos, agora em Coimbra, se pode finalmente ouvir música mais variada e para gostos diferentes, mas volto a repetir o que falta é mais público a participar, maior produção musical e maior abertura pelas entidades que gerem os estabelecimentos que infelizmente a alguns só lhes interessa o lucro.



6 - Porque achas que muitas bandas portuguesas optam por escrever em inglês? Gostarias de ter um projecto cantado em português?

Talvez porque sintam uma maior influência vinda de grupos que cantam em inglês. Cada um que cante o idioma que lhe apetecer. O inglês é a segunda língua que se aprende desde muito cedo nas escolas e também é a língua mais associada ao rock, portanto não admira que se opte por cantar em inglês. Se gostaria de ter um projecto cantado em português!!!! Não sei, mas duvido bastante porque a maior parte da música que oiço é cantada em inglês. Também gosto de alguns grupos que cantam em português isso não há duvida. Acho também interessante um grupo cantar nos dois idiomas, ou mais. Gosto como soam muitos daqueles grupos que fizeram parte da explosão de rock, new wave e punk português no início dos 80's.

7 - Voltando ao tema dos DJ, achas que faz algum sentido fazer-se a distinção entre DJ e os chamados "bota-discos"? Achas que a técnica é essencial ou dás preferência ao sentimento e à intuição?

Nunca tinha ouvido falar no termo “bota discos”, se calhar é mais adequado para mim eheheh!!!!!
Acho que a técnica é mais importante na música electrónica como o electro, o house, techno, Drum'n'bass, dubstep ou remisturas de musicas pop ou rock. Quanto ao sentimento e intuição acho que é sempre importante, não só na música, mas também noutras formas artísticas. Sinceramente não sei se se deva ou não fazer distinção!! O que se deve valorizar é a relação que a pessoa tem com a música. Este tipo de questão surge mais em meios ou cidades pequenas onde Dj's com estatutos e interesses musicais diferentes se cruzam, levando assim a reflexões ou conflictos deste tipo.

8 - Achas que há uma noite coimbrã mais "comercial" ou de massas, em termos de programação musical, e outra talvez mais interessada por música não tanto ouvida nas rádios, por exemplo, ou talvez mais de culto?

Em Coimbra as programações de maior destaque estão quase sempre associadas à música mais comercial, consumida pela maioria, que não tem uma opinião tão crítica ou não tem muita cultura musical. No entanto, não quero deixar de dizer que existem alguns bares na cidade que estão receptivos a música que está fora dos circuitos comerciais. O clube States que está de volta parece estar também a fazer concertos que é muito bom. A Rádio Universidade de Coimbra também é responsável por criar programas em que se explora tanto música que já foi feita ou ficou perdida no tempo e merece ser ouvida, como também, música mais recente que tenha acabado de sair.




Obrigado Pedro! Até qualquer dia!

sábado, 14 de maio de 2011

Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista com Pedro Chau - Parte I

Boas!

Hoje temos mais uma entrevista com uma pessoa ligada à música em Coimbra. Hoje é a vez do Pedro Chau. O Pedro esteve em várias bandas, em Coimbra e em Londres, mas a única vez que o vi actuar foi num dos últimos concertos dos Parkinsons, senão mesmo o último, em que a banda actuou em trio na Queima das Fitas de Coimbra. Esse trio era composto por ele, Victor Torpedo e a participação especial do Kaló. Hoje em dia actua como DJ em várias casas de Norte a Sul do país e prepara-se para uma reunião dos Parkinsons no fim do mês.


Mas vamos à entrevista:


Costumas actuar como Dj. Como te sentes nessa pele? Que conceito abrangem as tuas escolhas atrás da mesa?

Exactamente. Foi mais ou menos em 2003 que comecei a gostar de passar música em bares e clubes da noite londrina. Desde os meus 14/15 anos que nunca deixei de comprar discos sempre que posso, especialmente em vinil. Uma obsessão ou um prazer para a vida, mas regulado pelas possibilidades económicas porque muitos discos não os posso ter e outros não os pude comprar. Encaro os convites e a possibilidade de fazer dj sets como um meio de mostrar a música que gosto, de a ouvir e também de convidar as pessoas a dançar. Dançar é importante como uma terapia, uma forma de comunicação ou libertação que pode ser individual ou em grupo. Penso que em Portugal ainda existem bastantes inibições e pouca abertura aos sentimentos que a música provoca. Quanto às escolhas, estas podem ser ou não espontâneas, abrangendo formas musicais diferentes que dependem da temática da noite ou de mim, mantendo sempre com uma certa coerência nas passagens de música para música.


Fala-me um pouco do teu percurso como músico até hoje?

Não me vejo como um músico. É preciso fazer-se muito mais para se ser músico no âmbito da produção ou criação, mas no entanto, contribuí e colaborei com grupos que fizeram música.
Iniciei-me no baixo num grupo chamado Garbage Catz. Depois toquei nos Seventy Seven (77) e gravei uma demo com um projecto que durou pouco que se chamava Planet Jacumba. Mais ou menos nesta altura e depois do baixista André Ribeiro ter abandonado o grupo, passei pelos Tédio-Boys com quem ensaiei e actuei umas seis vezes. Com o final dos Tédio, o Victor Torpedo surge com a ideia de formar os Parkinsons e ir viver para Londres. Vivia-se entre nós um clima de frustração por viver em Coimbra, era uma cidade super fechada à música que gostávamos, que eram grupos mais ligados ao lado mais marginal e hedonista do rock'n'roll e, portanto, jamais poderia corresponder aos nossos sonhos e expectativas. Londres foi a salvação, estava lá tudo o que nos seduzia e com o qual nos identificávamos. A partir daqui foi o começo de uma nova era relacionada com a emergência dos Parkinsons dentro do contexto do rock'n'roll londrino, os clubes onde começámos a tocar, as tours, mais tarde os festivais, as inesquecíveis idas por duas vezes ao Japão e uma aos Estados Unidos. Depois foi o declínio da banda, uma série de problemas, decisões mal tomadas, más escolhas e falta de maturidade que fez o grupo se perdesse e desmotivasse. Mas não vou entrar em mais pormenores que me emociono e começo a fugir à pergunta. Com o fim dos Parkinsons sou novamente convidado pelo Victor para fazer parte dos Blood Safari, projecto que me seduziu bastante mas que infelizmente não andou para a frente por falta de união, demasiada passividade e divergências entre os membros mais indispensáveis ao grupo. A nível musical Blood Safari foi a banda que mais gostei. Gravámos um 7'inch com quatro músicas que eu gosto bastante, mas depois, o album foi uma pena para mim, o estúdio foi caríssimo e não tivemos tempo para fazer muito. Em consequência disso, o album não demonstra nem metade do valor que esse grupo poderia ter sido capaz. Desde a minha saída dos Blood Safari em 2007 que não voltei a participar em nenhum outro projecto, estando ligado à música apenas através dos dj sets. Mas nunca se sabe, “future is unwritten”. Por acaso, já dentro de uns meses haverá uma reunião dos Parkinsons que será composta por alguns concertos entre Londres (Dirty Water Garage Rock Festival) e Portugal (Quarteira Rock Festival e C.E.O em Lisboa). Será uma experiência curiosa, pois já não tocamos juntos desde 2006 que foi a última reunião da banda no mítico Dirty Water Club no Boston Arms Music Room para um audiência magnífica.




Quais as bandas/artistas que mais te influenciaram e quais os concertos que mais te marcaram, como músico e como espectador?

Bandas e artistas que me influenciaram!! Hummm!!! Entre os meus 12-15 anos passava o tempo a ouvir Cure, Smiths e Xutos & Pontapés. Depois foram os Sex Pistols, os Ramones, os Clash, o primeiro dos Censurados e dos Mata-Ratos, os Tédio-Boys e os Cramps. Agora estou a ver, são muitas as bandas que me influênciaram ao longo destes últimos vinte anos. O Little Richard, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Rolling Stones, Kinks, The Seeds, James Brown, Radio Birdman, Wire, Motorhead, 13th Floor Elevators, Electric Prunes, Stooges, Mc5, Velvet Underground, Joy Division, The Horrors, Suzy & the Banshees, The Star Spangles, Krafwerk, Jon Spencer, Tav Falco, etc. Podia escrever páginas e páginas de grupos que me influênciaram. Desde há anos que já não tenho banda favorita como quando se tem 16 ou 17 anos, gosto de muita coisa, de formas musicais variadas.
Concertos que me influênciaram!!!! Deixo aqui alguns: Nos anos 90 sem dúvida alguma os Tédio-Boys, Iggy Pop na Queima das Fitas em 1993, Cramps em Lisboa no Campo Pequeno, Jon Spencer no Brixton Academy em 2002, Suicide no Garage em 2000, Patti Smith no Ocean em 2001, Franz Ferdinand na Zambujeira em 2004, Motorhead no Brixton Academy em 2000, Love no Forum em 2003 com os Seeds como banda de suporte, The Horrors no 100 Club no verão de 2006, Wilko Johnson no Dirty Water Club em 2000 e muitos mais que agora não me consigo lembrar.


Quais as bandas que mais destacas no panorama musical português?

Neste momento estou-me a lembrar de Dead Combo, d3o, Glockenwise, Wray Gun, A Jigsaw, Tiguana Bibles, Bunny Ranch, Nicotine's Orchestra, Sean Rilley & the Slow Riders, Black Bombain, Mean Devils.....!


Continua...

terça-feira, 29 de março de 2011

Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Tiguana Bibles/Sean Riley and The Slowriders

Boa tarde!

Tiguana Bibles no Tertúlia Castelense/Entrevista com Tracy Vandall




Sean Riley and The Slowriders, Eurosonic, Groningen - Holanda, 14 Janeiro 2011


Brevemente, Entrevista com Pedro Chau!

Abraços

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Força da Soul

Boa tarde!

Hoje deixo-vos simplesmente com 2 vídeos de Duffy, galesa de 26 anos, dona de uma voz da qual sou um enorme fã, uma cantora soul de grande talento.

Tem dois álbuns editados, Rockferry, de 2008, e Endlessly, de 2010. Foi com o primeiro que atingiu maior notoriedade, entrando directamente para o número 1 do top inglês e arrecadando vários prémios de renome.

Duffy é atitude, postura, soul, voz, poder... É de bradar aos céus quando a colocam no mesmo cesto de Britneys e afins... A sua música leva-me(nos) para outras paragens, décadas atrás, quando a soul era "líder de audiências". Sem se mexer muito, está lá tudo, a força da sua voz e dos seus gestos, será que estou bem, ou a ficar maluco? Para mim está mais do que à vista... E para ti?


Ficamos com Mercy e Cry to me (cover).





Abraços

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista a Victor Torpedo PARTE II

..........


É verdade que vai haver um regresso dos Parkinsons? São saudades?

Em relação aos Parkinsons vai ser só uma reuniao temporária, e volta a acontecer devido a pressões exteriores à banda...quer dizer pressões positivas.
O convite para o primeiro concerto veio de Londres e vamos tocar na nossa casa espiritual, no Dirty Water Club, a casa do Garage Punk Mundial, é um convite que nos é difícil recusar devido à intimidade que temos com as pessoas desse clube e com a importante ajuda que nos deram no passado. E vamos tocar também em Portugal na semana seguinte, na inauguração da minha exposição "we love 77" em Coimbra, e no dia anterior no Algarve....vão ser concertos intimistas para matar a saudade de alguns amigos e também algumas saudades nossas....



O que acha das bandas/projectos dos restantes Tédios Boys?

Todos têm projetos com pés e cabeça....mas tenho mais interesse nas pessoas do que na sua música, mas respeito-os imenso como sobreviventes de uma grande batalha de mais de vinte anos para tentarem mudar a pobre paisagem musical deste país,tudo de melhor para eles....




Como classifica a sonoridade dos Tiguana Bibles?

Os Tiguana Bibles são um estranho híbrido musical bebendo influências em vários géneros musicais passando pelo rockabilly, country, 6o's beat etc....Mas mais que isso os Tiguana Bibles têm um lado negro e um som que vive entre os ambientes cinematográficos de um David Lynch ou de um Tarantino.....acho que fazemos um "rock" fatalista e dramático, a banda sonora ideal....


Acha que a cena musical de Coimbra traz/é algo de especial inserida no contexto da música portuguesa?

Não, a resposta é simples....não há uma cena musical em Coimbra....a ideia de Coimbra como capital do rock, como dizem muitas vezes....dá-me vontade de rir.


PALAVRA PUXA PALAVRA:

Bono Vox - "Madre Teresa de Calcutá"
Joe Strummer - "Metade do meu coração"
Rolling Stones - "Grande Banda com uma pessoa horrenda, vaidosa como frontman, mas ninguém lhes consegue chegar perto, principalmente nos anos 60"
Xutos e Pontapés - "Zé Pedro, Zé Pedro, Zé Pedro...."
Kurt Cobain - "Entendo, mas não faz parte do meu universo, não é o grito da minha geração"
Rock'n'Roll - "Don't step on my blue suede shoes....identidade e personalidade,e claro, juventude"
Punk - "Liberdade"
Coimbra - "a cidade que nos viu nascer, Hometown"
Portugal - "Mourinho e Ronaldo.....e carne de Porco à Alentejana"
Londres - "a minha outra cidade, casa"





Victor, muito obrigado e felicidades!
Abraço

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista a Victor Torpedo PARTE I

Boa noite!

Demorou mas fez-se: aqui está a segunda entrevista, desta vez ao Victor Torpedo, guitarrista dos Tiguana Bibles e membro dos extintos Tédio Boys, The Parkinsons e Blood Safari.

Não vou esconder a minha admiração pelo Victor. "Conheci-o" num dos últimos concertos dos Parkinsons, na Queima de Coimbra, e adorei a sua entrega em palco, enorme. Uns anos mais tarde, encontrei-o em 3 concertos dos Tiguana Bibles, já noutro registo diferente.

É alguém que me ajudou e ajuda a perceber e a sentir o rock and roll, mesmo que seja só cá no meu canto, e que me inspira com a sua atitude, ainda que, das suas bandas, apenas Tiguana e Parkinsons me tenham marcado. Nem mais. Não me esqueço do concerto nas Noites Ritual, adorei. E na Via Latina. E no Alive, com os Machine Head como ruído de fundo...

O Victor respira e transpira rock...

Já estava na altura de ele e outros terem um reconhecimento público mas não faz mal... o povo quer é kizombas e pimbas. Pode ser que isto mude... um dia. Espero ainda assistir a isso...




Mas pronto, como alguém diz, vamos pôr a bola a rolar:

Qual a sua opinião acerca da influência de drogas e alcool na criação musical?

A minha resposta é muito simples, "drugs don't work", como aquela música horrivel dos Verve, de qualquer forma foi a única coisa certa que eles disseram.
Essa é a minha opinião acerca de drogas e música....tudo passa primeiro pelo talento,não há nenhuma poção mágica que te apure esse sentido, pode-se conviver com drogas e ser creativo na mesma mas só em pequenos momentos da vida .....um verdadeiro junkie é um inapto em termos de criação.... a maior prova da equação é o Jonnhy Thunders, em cada 20 concertos dava um bom concerto. Drugs don't work.

Tem muito trabalho como músico, em Londres? Em que patamar estão os Blood Safari?

No momento deixei Londres, voltei a Portugal há 2 meses atrás, mas sempre tive o trabalho que quis em Londres e hei-de ter no futuro...deixei muitos amigos e conheço bem o meio musical inglês....em relação aos Blood Safari, a banda já não existe há mais de 3 anos, mas sempre tivemos boa aceitação...

Fale-me um pouco do seu percurso pós-Tédio Boys? É verdade que os Parkinsons estiveram "quase lá"?

Os Tedio Boys por assim dizer foi o meu processo embrionário na minha ligação com o Rock n'roll, apesar de já estar envolvido em outros projetos antes dos Tedio Boys mas em diferentes ondulações artísticas. Foi com os Tedio que abracei a estrutura primitiva e aprendi os segredos da canção, falando de canção como uma estrutura simples e dinâmica, as bases da música rock...o que para mim foi muito importante...Mas mais importante que isso, os Tedio Boys foram mais que uma banda, foram um grupo de amigos com instrumentos na mão....
O Pós-Tedio foi tão rápido que quase não me lembro....se calhar por causa disso é que me chamam Torpedo.... O que me lembro bem, é que deixamos Coimbra a meio de 2000... e no princípio de 2001 éramos capa do Blitz, e enchíamos o Paradise Garage em Lisboa com os bilhetes a 17 euros na altura .... isto com os Parkinsons...como vês o Pós Tédio foi muito rápido....e nesses primeiros anos dos Parkinsons ainda mais rápido ficou pois os nossos concertos eram os ensaios, depois do primeiro concerto em Londres a coisa nunca mais parou....seguiu-se a América ,Japão e por aí fora...too fast too soon. Em relação ao "quase lá", nao tem lógica como pergunta para quem realmente me conhece pessoalmente e bem.....pois eu estive sempre "lá", desde o primeiro dia que peguei um palco, pois para mim o estar "lá" é fazer uma boa música ou dar um grande concerto.... o resto realmente não me interessa....se calhar gostava de ter mais umas patacas no bolso....mas não sou um carreirista, gosto da música pela música.......e não gosto de ninguém que se auto-intitule músico....porque não o somos, tocamos instrumentos com 6 cordas....essa é a verdade.
E a expressão "quase lá" mete-me um bocado de medo, pois vivemos numa geração que está desesperada pelo "lá" (depois acontecem coisas como em Nova York , como o menino Renato de Cantanhede).... e aí e que está o problema da nossa música no momento....bandas e "músicos", que antes ainda de fazerem uma música decente já estão na procura desesperada de um contrato discográfico ou de um manager.... Por isso essas coisas nunca me afectaram e não me vão afectar no futuro, a minha recompensa com a música é feita de outra forma....de uma maneira íntima e em forma de apreciação.....esse é o meu "quase lá".....tenho pena que essa não seja a atitude de muita outra gente no meio musical, pois a qualidade de bandas e da música mundial podia ser muito melhor... mas pouco há a fazer numa sociedade que supervaloriza a mediocridade e aniquila os bons talentos.... e assim nós ficamos com os Deolinda e os por aí além....

Quais são/foram as suas referências musicais? Quais os momentos da sua carreira que melhor recorda?

Para responder a essa pergunta, tinha que te mandar um livro.... pois primeiro que tudo sou um amante e doente por música......tornando-se difícil para mim enumerar as bandas que me influenciaram ou até mesmo os géneros musicais que andam sempre à minha volta....mas se falarmos diretamente do universo rock....no topo para mim sempre estiveram os Clash, Ramones, Cramps, Devo, Gene Vincent e por aí fora.....
A chegada dos Parkinsons a Londres é sem dúvida o Turn Point da minha carreira e da minha vida....a passagem da adolescência para homem (talvez)...





CONTINUA....