segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista a Victor Torpedo PARTE I

Boa noite!

Demorou mas fez-se: aqui está a segunda entrevista, desta vez ao Victor Torpedo, guitarrista dos Tiguana Bibles e membro dos extintos Tédio Boys, The Parkinsons e Blood Safari.

Não vou esconder a minha admiração pelo Victor. "Conheci-o" num dos últimos concertos dos Parkinsons, na Queima de Coimbra, e adorei a sua entrega em palco, enorme. Uns anos mais tarde, encontrei-o em 3 concertos dos Tiguana Bibles, já noutro registo diferente.

É alguém que me ajudou e ajuda a perceber e a sentir o rock and roll, mesmo que seja só cá no meu canto, e que me inspira com a sua atitude, ainda que, das suas bandas, apenas Tiguana e Parkinsons me tenham marcado. Nem mais. Não me esqueço do concerto nas Noites Ritual, adorei. E na Via Latina. E no Alive, com os Machine Head como ruído de fundo...

O Victor respira e transpira rock...

Já estava na altura de ele e outros terem um reconhecimento público mas não faz mal... o povo quer é kizombas e pimbas. Pode ser que isto mude... um dia. Espero ainda assistir a isso...




Mas pronto, como alguém diz, vamos pôr a bola a rolar:

Qual a sua opinião acerca da influência de drogas e alcool na criação musical?

A minha resposta é muito simples, "drugs don't work", como aquela música horrivel dos Verve, de qualquer forma foi a única coisa certa que eles disseram.
Essa é a minha opinião acerca de drogas e música....tudo passa primeiro pelo talento,não há nenhuma poção mágica que te apure esse sentido, pode-se conviver com drogas e ser creativo na mesma mas só em pequenos momentos da vida .....um verdadeiro junkie é um inapto em termos de criação.... a maior prova da equação é o Jonnhy Thunders, em cada 20 concertos dava um bom concerto. Drugs don't work.

Tem muito trabalho como músico, em Londres? Em que patamar estão os Blood Safari?

No momento deixei Londres, voltei a Portugal há 2 meses atrás, mas sempre tive o trabalho que quis em Londres e hei-de ter no futuro...deixei muitos amigos e conheço bem o meio musical inglês....em relação aos Blood Safari, a banda já não existe há mais de 3 anos, mas sempre tivemos boa aceitação...

Fale-me um pouco do seu percurso pós-Tédio Boys? É verdade que os Parkinsons estiveram "quase lá"?

Os Tedio Boys por assim dizer foi o meu processo embrionário na minha ligação com o Rock n'roll, apesar de já estar envolvido em outros projetos antes dos Tedio Boys mas em diferentes ondulações artísticas. Foi com os Tedio que abracei a estrutura primitiva e aprendi os segredos da canção, falando de canção como uma estrutura simples e dinâmica, as bases da música rock...o que para mim foi muito importante...Mas mais importante que isso, os Tedio Boys foram mais que uma banda, foram um grupo de amigos com instrumentos na mão....
O Pós-Tedio foi tão rápido que quase não me lembro....se calhar por causa disso é que me chamam Torpedo.... O que me lembro bem, é que deixamos Coimbra a meio de 2000... e no princípio de 2001 éramos capa do Blitz, e enchíamos o Paradise Garage em Lisboa com os bilhetes a 17 euros na altura .... isto com os Parkinsons...como vês o Pós Tédio foi muito rápido....e nesses primeiros anos dos Parkinsons ainda mais rápido ficou pois os nossos concertos eram os ensaios, depois do primeiro concerto em Londres a coisa nunca mais parou....seguiu-se a América ,Japão e por aí fora...too fast too soon. Em relação ao "quase lá", nao tem lógica como pergunta para quem realmente me conhece pessoalmente e bem.....pois eu estive sempre "lá", desde o primeiro dia que peguei um palco, pois para mim o estar "lá" é fazer uma boa música ou dar um grande concerto.... o resto realmente não me interessa....se calhar gostava de ter mais umas patacas no bolso....mas não sou um carreirista, gosto da música pela música.......e não gosto de ninguém que se auto-intitule músico....porque não o somos, tocamos instrumentos com 6 cordas....essa é a verdade.
E a expressão "quase lá" mete-me um bocado de medo, pois vivemos numa geração que está desesperada pelo "lá" (depois acontecem coisas como em Nova York , como o menino Renato de Cantanhede).... e aí e que está o problema da nossa música no momento....bandas e "músicos", que antes ainda de fazerem uma música decente já estão na procura desesperada de um contrato discográfico ou de um manager.... Por isso essas coisas nunca me afectaram e não me vão afectar no futuro, a minha recompensa com a música é feita de outra forma....de uma maneira íntima e em forma de apreciação.....esse é o meu "quase lá".....tenho pena que essa não seja a atitude de muita outra gente no meio musical, pois a qualidade de bandas e da música mundial podia ser muito melhor... mas pouco há a fazer numa sociedade que supervaloriza a mediocridade e aniquila os bons talentos.... e assim nós ficamos com os Deolinda e os por aí além....

Quais são/foram as suas referências musicais? Quais os momentos da sua carreira que melhor recorda?

Para responder a essa pergunta, tinha que te mandar um livro.... pois primeiro que tudo sou um amante e doente por música......tornando-se difícil para mim enumerar as bandas que me influenciaram ou até mesmo os géneros musicais que andam sempre à minha volta....mas se falarmos diretamente do universo rock....no topo para mim sempre estiveram os Clash, Ramones, Cramps, Devo, Gene Vincent e por aí fora.....
A chegada dos Parkinsons a Londres é sem dúvida o Turn Point da minha carreira e da minha vida....a passagem da adolescência para homem (talvez)...





CONTINUA....