terça-feira, 24 de agosto de 2010

Porcupine Tree: Um sonho assim tão estúpido? (parte 3)

Depois do lançamento de uma edição limitada intitulada “Metanoia”, um conjunto de músicas e improvisações gravadas durante as sessões de estúdio   Metanoia dos álbuns “Signify” e “Coma Divine”, o quarteto utilizou todo o ano de 1998 para produzir seu quinto álbum de estúdio, “Stupid Dream”, lançado na Primavera de 1999 na editora Snapper/K-Scope.

Liricamente, “Stupid Dream” fala de certas inseguranças e sentimentos de Steven Wilson, este acha que as letras escritas de uma perspectiva pessoal são sempre as mais marcantes. É, portanto, um álbum mais pessoal que os anteriores.
 
O nome do álbum surgiu no desejo que ocorre a uma jovem criança ou adolescente de se tornar uma estrela de rock/pop, que eventualmente atinge esse sonho mas que quando chega lá apercebe-se que afinal não é bem aquilo que estava à espera. Daí o título, “Stupid Dream”, Sonho Estúpido. Na capa e no booklet do cd estão imagens que mostram uma linha de produção com cd’s numa fábrica. Representa o comercialismo presente na indústria discográfica, o modo como a música é “fabricada” para lucro.
 
Stupid Dream faixa a faixa
 
 1229110914728_f Even Less – esta música já tinha sido tocada ao vivo em 1998. Inicialmente tinha 17 minutos mas foi “cortada” e apenas a primeira metade foi editada no álbum, mas é possível ouvir a segunda metade no CD Single “Stranger by the Minute”.
 
Piano Lessons – Esta música psicadélica tem um videoclip fora do comum onde se pode ver os membros da banda com máscaras bizarras e tabuletas com terminologia de marketing. Fala sobre o processo que decorre depois da criação de uma música/álbum, todo o marketing e sacrifícios que são impostos ao artista para “vender” o seu trabalho.
 
Stupid Dream – Uma faixa ambiente de apenas 28 segundos onde se ouve uma orquestra em afinação e alguns efeitos sonoros.
 
Slave Called Shiver – uma canção de amor acerca de uma pessoa que está muito apaixonada e obcecada por alguém, mas nenhum desse afecto é correspondido. É muito semelhante a Don't Hate Me, que também é sobre o mesmo tema, mas ainda mais extremo, porque essa pessoa começa a seguir a outra e a fazer-lhe telefonemas. Pure Narcotic também é acerca do mesmo assunto. Don't Hate Me foi a primeira música dos Porcupine Tree em que foi utilizado o saxofone.
 
This Is No Rehearsal também já tinha sido tocada ao vivo em 1998. Foi directamente inspirada num trágico evento que ocorreu no Reino Unido alguns anos antes. Uma criança foi raptada num centro comercial enquanto a mãe estava distraída e mais tarde foi encontrada morta e torturada perto de uma linha de comboio. O mais perturbador da história é o facto de os raptores serem também crianças. A música é uma mistura de segmentos semi-acústicos com outros heavy metal (podem ouvir a música no fim do post).
 
Baby Dream In Cellophane – Canção sobre um recém-nascido, em que lhe está a ser dito que já tem a vida toda planeada e pré determinada pela sociedade, e o bebé responde que não vai seguir o caminho que lhe foi traçado, que se vai revoltar. Mais uma música com som fortemente inspirado em Pink Floyd.
 
Stranger by the Minute – Existem várias teorias acerca do significado desta canção. Um delas diz que é sobre uma pessoaband sob os efeitos de LSD que  começa a ter visões e pensamentos bizarros à medida que o efeito aumenta “trying to fly a kite from under a floorboard, lighting a cigarette underwater” - “tentar fazer voar um papagaio debaixo do soalho, acender um cigarro debaixo de água”. Outra afirma que é sobre um serial killer à procura da sua próxima vítima “Ghosts in the park, Appear just after dark, Killers, children ..., They look like tourists, It makes me want to laugh” “Fantasmas no parque, Aparecem depois de escurecer, Assassinos, crianças, Eles parecem turistas, Dá-me vontade de rir”.
 
A Smart Kid – Tema relacionado com a música “Radioactive Toy”. Fala acerca de um sobrevivente solitário de uma guerra nuclear, que é resgatado por uma nave espacial (?!).
 
Tinto Brass é a única música do álbum composta por toda a banda (as outras são todas de Steven Wilson). Foi inspirada no realizador italiano Tinto Brass, e começa com um discurso em japonês feito pela namorada da altura de Wilson. No discurso é relatado uma curta biografia do realizador, onde nasceu e os filmes que fez. Wilson queria um trecho falado sobre a vida de Tinto Brass na música, a namorada de Wilson (japonesa) encontrou uma pequena biografia em japonês. Ela perguntou se queria que traduzisse, mas ele gostou tanto de como soou o discurso em japonês que preferiu gravar assim mesmo.
 
Stop Swimming fala acerca da relação de Wilson com a indústria discográfica, em como às vezes se sente uma enorme pressão para tornar a sua música mais comercial e acatar com todas as exigências da editora. Pode ser mais fácil desistir, “parar de nadar”, e ir com a corrente.
Apenas uns meses depois do lançamento de “Stupid Dream”, a banda começou logo a trabalhar no álbum seguinte…
Continua…
 
 
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