Boas!Hoje temos mais uma entrevista com uma pessoa ligada à música em Coimbra. Hoje é a vez do Pedro Chau. O Pedro esteve em várias bandas, em Coimbra e em Londres, mas a única vez que o vi actuar foi num dos últimos concertos dos Parkinsons, senão mesmo o último, em que a banda actuou em trio na Queima das Fitas de Coimbra. Esse trio era composto por ele, Victor Torpedo e a participação especial do Kaló. Hoje em dia actua como DJ em várias casas de Norte a Sul do país e prepara-se para uma reunião dos Parkinsons no fim do mês.
Mas vamos à entrevista:
Costumas actuar como Dj. Como te sentes nessa pele? Que conceito abrangem as tuas escolhas atrás da mesa?
Exactamente. Foi mais ou menos em 2003 que comecei a gostar de passar música em bares e clubes da noite londrina. Desde os meus 14/15 anos que nunca deixei de comprar discos sempre que posso, especialmente em vinil. Uma obsessão ou um prazer para a vida, mas regulado pelas possibilidades económicas porque muitos discos não os posso ter e outros não os pude comprar. Encaro os convites e a possibilidade de fazer dj sets como um meio de mostrar a música que gosto, de a ouvir e também de convidar as pessoas a dançar. Dançar é importante como uma terapia, uma forma de comunicação ou libertação que pode ser individual ou em grupo. Penso que em Portugal ainda existem bastantes inibições e pouca abertura aos sentimentos que a música provoca. Quanto às escolhas, estas podem ser ou não espontâneas, abrangendo formas musicais diferentes que dependem da temática da noite ou de mim, mantendo sempre com uma certa coerência nas passagens de música para música.
Fala-me um pouco do teu percurso como músico até hoje?
Não me vejo como um músico. É preciso fazer-se muito mais para se ser músico no âmbito da produção ou criação, mas no entanto, contribuí e colaborei com grupos que fizeram música.
Iniciei-me no baixo num grupo chamado Garbage Catz. Depois toquei nos Seventy Seven (77) e gravei uma demo com um projecto que durou pouco que se chamava Planet Jacumba. Mais ou menos nesta altura e depois do baixista André Ribeiro ter abandonado o grupo, passei pelos Tédio-Boys com quem ensaiei e actuei umas seis vezes. Com o final dos Tédio, o Victor Torpedo surge com a ideia de formar os Parkinsons e ir viver para Londres. Vivia-se entre nós um clima de frustração por viver em Coimbra, era uma cidade super fechada à música que gostávamos, que eram grupos mais ligados ao lado mais marginal e hedonista do rock'n'roll e, portanto, jamais poderia corresponder aos nossos sonhos e expectativas. Londres foi a salvação, estava lá tudo o que nos seduzia e com o qual nos identificávamos. A partir daqui foi o começo de uma nova era relacionada com a emergência dos Parkinsons dentro do contexto do rock'n'roll londrino, os clubes onde começámos a tocar, as tours, mais tarde os festivais, as inesquecíveis idas por duas vezes ao Japão e uma aos Estados Unidos. Depois foi o declínio da banda, uma série de problemas, decisões mal tomadas, más escolhas e falta de maturidade que fez o grupo se perdesse e desmotivasse. Mas não vou entrar em mais pormenores que me emociono e começo a fugir à pergunta. Com o fim dos Parkinsons sou novamente convidado pelo Victor para fazer parte dos Blood Safari, projecto que me seduziu bastante mas que infelizmente não andou para a frente por falta de união, demasiada passividade e divergências entre os membros mais indispensáveis ao grupo. A nível musical Blood Safari foi a banda que mais gostei. Gravámos um 7'inch com quatro músicas que eu gosto bastante, mas depois, o album foi uma pena para mim, o estúdio foi caríssimo e não tivemos tempo para fazer muito. Em consequência disso, o album não demonstra nem metade do valor que esse grupo poderia ter sido capaz. Desde a minha saída dos Blood Safari em 2007 que não voltei a participar em nenhum outro projecto, estando ligado à música apenas através dos dj sets. Mas nunca se sabe, “future is unwritten”. Por acaso, já dentro de uns meses haverá uma reunião dos Parkinsons que será composta por alguns concertos entre Londres (Dirty Water Garage Rock Festival) e Portugal (Quarteira Rock Festival e C.E.O em Lisboa). Será uma experiência curiosa, pois já não tocamos juntos desde 2006 que foi a última reunião da banda no mítico Dirty Water Club no Boston Arms Music Room para um audiência magnífica.
Quais as bandas/artistas que mais te influenciaram e quais os concertos que mais te marcaram, como músico e como espectador?
Bandas e artistas que me influenciaram!! Hummm!!! Entre os meus 12-15 anos passava o tempo a ouvir Cure, Smiths e Xutos & Pontapés. Depois foram os Sex Pistols, os Ramones, os Clash, o primeiro dos Censurados e dos Mata-Ratos, os Tédio-Boys e os Cramps. Agora estou a ver, são muitas as bandas que me influênciaram ao longo destes últimos vinte anos. O Little Richard, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Rolling Stones, Kinks, The Seeds, James Brown, Radio Birdman, Wire, Motorhead, 13th Floor Elevators, Electric Prunes, Stooges, Mc5, Velvet Underground, Joy Division, The Horrors, Suzy & the Banshees, The Star Spangles, Krafwerk, Jon Spencer, Tav Falco, etc. Podia escrever páginas e páginas de grupos que me influênciaram. Desde há anos que já não tenho banda favorita como quando se tem 16 ou 17 anos, gosto de muita coisa, de formas musicais variadas.
Concertos que me influênciaram!!!! Deixo aqui alguns: Nos anos 90 sem dúvida alguma os Tédio-Boys, Iggy Pop na Queima das Fitas em 1993, Cramps em Lisboa no Campo Pequeno, Jon Spencer no Brixton Academy em 2002, Suicide no Garage em 2000, Patti Smith no Ocean em 2001, Franz Ferdinand na Zambujeira em 2004, Motorhead no Brixton Academy em 2000, Love no Forum em 2003 com os Seeds como banda de suporte, The Horrors no 100 Club no verão de 2006, Wilko Johnson no Dirty Water Club em 2000 e muitos mais que agora não me consigo lembrar.
Quais as bandas que mais destacas no panorama musical português?
Neste momento estou-me a lembrar de Dead Combo, d3o, Glockenwise, Wray Gun, A Jigsaw, Tiguana Bibles, Bunny Ranch, Nicotine's Orchestra, Sean Rilley & the Slow Riders, Black Bombain, Mean Devils.....!
Continua...
sábado, 14 de maio de 2011
Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista com Pedro Chau - Parte I
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terça-feira, 29 de março de 2011
Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Tiguana Bibles/Sean Riley and The Slowriders
Boa tarde!
Tiguana Bibles no Tertúlia Castelense/Entrevista com Tracy Vandall
Sean Riley and The Slowriders, Eurosonic, Groningen - Holanda, 14 Janeiro 2011
Brevemente, Entrevista com Pedro Chau!
Abraços
Tiguana Bibles no Tertúlia Castelense/Entrevista com Tracy Vandall
Sean Riley and The Slowriders, Eurosonic, Groningen - Holanda, 14 Janeiro 2011
Brevemente, Entrevista com Pedro Chau!
Abraços
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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Força da Soul
Boa tarde!
Hoje deixo-vos simplesmente com 2 vídeos de Duffy, galesa de 26 anos, dona de uma voz da qual sou um enorme fã, uma cantora soul de grande talento.
Tem dois álbuns editados, Rockferry, de 2008, e Endlessly, de 2010. Foi com o primeiro que atingiu maior notoriedade, entrando directamente para o número 1 do top inglês e arrecadando vários prémios de renome.
Duffy é atitude, postura, soul, voz, poder... É de bradar aos céus quando a colocam no mesmo cesto de Britneys e afins... A sua música leva-me(nos) para outras paragens, décadas atrás, quando a soul era "líder de audiências". Sem se mexer muito, está lá tudo, a força da sua voz e dos seus gestos, será que estou bem, ou a ficar maluco? Para mim está mais do que à vista... E para ti?
Ficamos com Mercy e Cry to me (cover).
Abraços
Hoje deixo-vos simplesmente com 2 vídeos de Duffy, galesa de 26 anos, dona de uma voz da qual sou um enorme fã, uma cantora soul de grande talento.

Duffy é atitude, postura, soul, voz, poder... É de bradar aos céus quando a colocam no mesmo cesto de Britneys e afins... A sua música leva-me(nos) para outras paragens, décadas atrás, quando a soul era "líder de audiências". Sem se mexer muito, está lá tudo, a força da sua voz e dos seus gestos, será que estou bem, ou a ficar maluco? Para mim está mais do que à vista... E para ti?
Ficamos com Mercy e Cry to me (cover).
Abraços
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista a Victor Torpedo PARTE II
..........
É verdade que vai haver um regresso dos Parkinsons? São saudades?
Em relação aos Parkinsons vai ser só uma reuniao temporária, e volta a acontecer devido a pressões exteriores à banda...quer dizer pressões positivas.
O convite para o primeiro concerto veio de Londres e vamos tocar na nossa casa espiritual, no Dirty Water Club, a casa do Garage Punk Mundial, é um convite que nos é difícil recusar devido à intimidade que temos com as pessoas desse clube e com a importante ajuda que nos deram no passado. E vamos tocar também em Portugal na semana seguinte, na inauguração da minha exposição "we love 77" em Coimbra, e no dia anterior no Algarve....vão ser concertos intimistas para matar a saudade de alguns amigos e também algumas saudades nossas....
O que acha das bandas/projectos dos restantes Tédios Boys?
Todos têm projetos com pés e cabeça....mas tenho mais interesse nas pessoas do que na sua música, mas respeito-os imenso como sobreviventes de uma grande batalha de mais de vinte anos para tentarem mudar a pobre paisagem musical deste país,tudo de melhor para eles....

Como classifica a sonoridade dos Tiguana Bibles?
Os Tiguana Bibles são um estranho híbrido musical bebendo influências em vários géneros musicais passando pelo rockabilly, country, 6o's beat etc....Mas mais que isso os Tiguana Bibles têm um lado negro e um som que vive entre os ambientes cinematográficos de um David Lynch ou de um Tarantino.....acho que fazemos um "rock" fatalista e dramático, a banda sonora ideal....
Acha que a cena musical de Coimbra traz/é algo de especial inserida no contexto da música portuguesa?
Não, a resposta é simples....não há uma cena musical em Coimbra....a ideia de Coimbra como capital do rock, como dizem muitas vezes....dá-me vontade de rir.
PALAVRA PUXA PALAVRA:
Bono Vox - "Madre Teresa de Calcutá"
Joe Strummer - "Metade do meu coração"
Rolling Stones - "Grande Banda com uma pessoa horrenda, vaidosa como frontman, mas ninguém lhes consegue chegar perto, principalmente nos anos 60"
Xutos e Pontapés - "Zé Pedro, Zé Pedro, Zé Pedro...."
Kurt Cobain - "Entendo, mas não faz parte do meu universo, não é o grito da minha geração"
Rock'n'Roll - "Don't step on my blue suede shoes....identidade e personalidade,e claro, juventude"
Punk - "Liberdade"
Coimbra - "a cidade que nos viu nascer, Hometown"
Portugal - "Mourinho e Ronaldo.....e carne de Porco à Alentejana"
Londres - "a minha outra cidade, casa"
Victor, muito obrigado e felicidades!
Abraço
É verdade que vai haver um regresso dos Parkinsons? São saudades?
Em relação aos Parkinsons vai ser só uma reuniao temporária, e volta a acontecer devido a pressões exteriores à banda...quer dizer pressões positivas.
O convite para o primeiro concerto veio de Londres e vamos tocar na nossa casa espiritual, no Dirty Water Club, a casa do Garage Punk Mundial, é um convite que nos é difícil recusar devido à intimidade que temos com as pessoas desse clube e com a importante ajuda que nos deram no passado. E vamos tocar também em Portugal na semana seguinte, na inauguração da minha exposição "we love 77" em Coimbra, e no dia anterior no Algarve....vão ser concertos intimistas para matar a saudade de alguns amigos e também algumas saudades nossas....
O que acha das bandas/projectos dos restantes Tédios Boys?
Todos têm projetos com pés e cabeça....mas tenho mais interesse nas pessoas do que na sua música, mas respeito-os imenso como sobreviventes de uma grande batalha de mais de vinte anos para tentarem mudar a pobre paisagem musical deste país,tudo de melhor para eles....

Como classifica a sonoridade dos Tiguana Bibles?
Os Tiguana Bibles são um estranho híbrido musical bebendo influências em vários géneros musicais passando pelo rockabilly, country, 6o's beat etc....Mas mais que isso os Tiguana Bibles têm um lado negro e um som que vive entre os ambientes cinematográficos de um David Lynch ou de um Tarantino.....acho que fazemos um "rock" fatalista e dramático, a banda sonora ideal....
Acha que a cena musical de Coimbra traz/é algo de especial inserida no contexto da música portuguesa?
Não, a resposta é simples....não há uma cena musical em Coimbra....a ideia de Coimbra como capital do rock, como dizem muitas vezes....dá-me vontade de rir.
PALAVRA PUXA PALAVRA:
Bono Vox - "Madre Teresa de Calcutá"
Joe Strummer - "Metade do meu coração"
Rolling Stones - "Grande Banda com uma pessoa horrenda, vaidosa como frontman, mas ninguém lhes consegue chegar perto, principalmente nos anos 60"
Xutos e Pontapés - "Zé Pedro, Zé Pedro, Zé Pedro...."
Kurt Cobain - "Entendo, mas não faz parte do meu universo, não é o grito da minha geração"
Rock'n'Roll - "Don't step on my blue suede shoes....identidade e personalidade,e claro, juventude"
Punk - "Liberdade"
Coimbra - "a cidade que nos viu nascer, Hometown"
Portugal - "Mourinho e Ronaldo.....e carne de Porco à Alentejana"
Londres - "a minha outra cidade, casa"
Victor, muito obrigado e felicidades!
Abraço
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Coimbra tem mais encanto na hora... do rock n' roll! Entrevista a Victor Torpedo PARTE I
Boa noite!
Demorou mas fez-se: aqui está a segunda entrevista, desta vez ao Victor Torpedo, guitarrista dos Tiguana Bibles e membro dos extintos Tédio Boys, The Parkinsons e Blood Safari.
Não vou esconder a minha admiração pelo Victor. "Conheci-o" num dos últimos concertos dos Parkinsons, na Queima de Coimbra, e adorei a sua entrega em palco, enorme. Uns anos mais tarde, encontrei-o em 3 concertos dos Tiguana Bibles, já noutro registo diferente.
É alguém que me ajudou e ajuda a perceber e a sentir o rock and roll, mesmo que seja só cá no meu canto, e que me inspira com a sua atitude, ainda que, das suas bandas, apenas Tiguana e Parkinsons me tenham marcado. Nem mais. Não me esqueço do concerto nas Noites Ritual, adorei. E na Via Latina. E no Alive, com os Machine Head como ruído de fundo...
O Victor respira e transpira rock...
Já estava na altura de ele e outros terem um reconhecimento público mas não faz mal... o povo quer é kizombas e pimbas. Pode ser que isto mude... um dia. Espero ainda assistir a isso...
Mas pronto, como alguém diz, vamos pôr a bola a rolar:
Qual a sua opinião acerca da influência de drogas e alcool na criação musical?
A minha resposta é muito simples, "drugs don't work", como aquela música horrivel dos Verve, de qualquer forma foi a única coisa certa que eles disseram.
Essa é a minha opinião acerca de drogas e música....tudo passa primeiro pelo talento,não há nenhuma poção mágica que te apure esse sentido, pode-se conviver com drogas e ser creativo na mesma mas só em pequenos momentos da vida .....um verdadeiro junkie é um inapto em termos de criação.... a maior prova da equação é o Jonnhy Thunders, em cada 20 concertos dava um bom concerto. Drugs don't work.
Tem muito trabalho como músico, em Londres? Em que patamar estão os Blood Safari?
No momento deixei Londres, voltei a Portugal há 2 meses atrás, mas sempre tive o trabalho que quis em Londres e hei-de ter no futuro...deixei muitos amigos e conheço bem o meio musical inglês....em relação aos Blood Safari, a banda já não existe há mais de 3 anos, mas sempre tivemos boa aceitação...
Fale-me um pouco do seu percurso pós-Tédio Boys? É verdade que os Parkinsons estiveram "quase lá"?
Os Tedio Boys por assim dizer foi o meu processo embrionário na minha ligação com o Rock n'roll, apesar de já estar envolvido em outros projetos antes dos Tedio Boys mas em diferentes ondulações artísticas. Foi com os Tedio que abracei a estrutura primitiva e aprendi os segredos da canção, falando de canção como uma estrutura simples e dinâmica, as bases da música rock...o que para mim foi muito importante...Mas mais importante que isso, os Tedio Boys foram mais que uma banda, foram um grupo de amigos com instrumentos na mão....
O Pós-Tedio foi tão rápido que quase não me lembro....se calhar por causa disso é que me chamam Torpedo.... O que me lembro bem, é que deixamos Coimbra a meio de 2000... e no princípio de 2001 éramos capa do Blitz, e enchíamos o Paradise Garage em Lisboa com os bilhetes a 17 euros na altura .... isto com os Parkinsons...como vês o Pós Tédio foi muito rápido....e nesses primeiros anos dos Parkinsons ainda mais rápido ficou pois os nossos concertos eram os ensaios, depois do primeiro concerto em Londres a coisa nunca mais parou....seguiu-se a América ,Japão e por aí fora...too fast too soon. Em relação ao "quase lá", nao tem lógica como pergunta para quem realmente me conhece pessoalmente e bem.....pois eu estive sempre "lá", desde o primeiro dia que peguei um palco, pois para mim o estar "lá" é fazer uma boa música ou dar um grande concerto.... o resto realmente não me interessa....se calhar gostava de ter mais umas patacas no bolso....mas não sou um carreirista, gosto da música pela música.......e não gosto de ninguém que se auto-intitule músico....porque não o somos, tocamos instrumentos com 6 cordas....essa é a verdade.
E a expressão "quase lá" mete-me um bocado de medo, pois vivemos numa geração que está desesperada pelo "lá" (depois acontecem coisas como em Nova York , como o menino Renato de Cantanhede).... e aí e que está o problema da nossa música no momento....bandas e "músicos", que antes ainda de fazerem uma música decente já estão na procura desesperada de um contrato discográfico ou de um manager.... Por isso essas coisas nunca me afectaram e não me vão afectar no futuro, a minha recompensa com a música é feita de outra forma....de uma maneira íntima e em forma de apreciação.....esse é o meu "quase lá".....tenho pena que essa não seja a atitude de muita outra gente no meio musical, pois a qualidade de bandas e da música mundial podia ser muito melhor... mas pouco há a fazer numa sociedade que supervaloriza a mediocridade e aniquila os bons talentos.... e assim nós ficamos com os Deolinda e os por aí além....
Quais são/foram as suas referências musicais? Quais os momentos da sua carreira que melhor recorda?
Para responder a essa pergunta, tinha que te mandar um livro.... pois primeiro que tudo sou um amante e doente por música......tornando-se difícil para mim enumerar as bandas que me influenciaram ou até mesmo os géneros musicais que andam sempre à minha volta....mas se falarmos diretamente do universo rock....no topo para mim sempre estiveram os Clash, Ramones, Cramps, Devo, Gene Vincent e por aí fora.....
A chegada dos Parkinsons a Londres é sem dúvida o Turn Point da minha carreira e da minha vida....a passagem da adolescência para homem (talvez)...
CONTINUA....
Demorou mas fez-se: aqui está a segunda entrevista, desta vez ao Victor Torpedo, guitarrista dos Tiguana Bibles e membro dos extintos Tédio Boys, The Parkinsons e Blood Safari.
Não vou esconder a minha admiração pelo Victor. "Conheci-o" num dos últimos concertos dos Parkinsons, na Queima de Coimbra, e adorei a sua entrega em palco, enorme. Uns anos mais tarde, encontrei-o em 3 concertos dos Tiguana Bibles, já noutro registo diferente.

O Victor respira e transpira rock...
Já estava na altura de ele e outros terem um reconhecimento público mas não faz mal... o povo quer é kizombas e pimbas. Pode ser que isto mude... um dia. Espero ainda assistir a isso...
Mas pronto, como alguém diz, vamos pôr a bola a rolar:
Qual a sua opinião acerca da influência de drogas e alcool na criação musical?
A minha resposta é muito simples, "drugs don't work", como aquela música horrivel dos Verve, de qualquer forma foi a única coisa certa que eles disseram.
Essa é a minha opinião acerca de drogas e música....tudo passa primeiro pelo talento,não há nenhuma poção mágica que te apure esse sentido, pode-se conviver com drogas e ser creativo na mesma mas só em pequenos momentos da vida .....um verdadeiro junkie é um inapto em termos de criação.... a maior prova da equação é o Jonnhy Thunders, em cada 20 concertos dava um bom concerto. Drugs don't work.
Tem muito trabalho como músico, em Londres? Em que patamar estão os Blood Safari?
No momento deixei Londres, voltei a Portugal há 2 meses atrás, mas sempre tive o trabalho que quis em Londres e hei-de ter no futuro...deixei muitos amigos e conheço bem o meio musical inglês....em relação aos Blood Safari, a banda já não existe há mais de 3 anos, mas sempre tivemos boa aceitação...
Fale-me um pouco do seu percurso pós-Tédio Boys? É verdade que os Parkinsons estiveram "quase lá"?

O Pós-Tedio foi tão rápido que quase não me lembro....se calhar por causa disso é que me chamam Torpedo.... O que me lembro bem, é que deixamos Coimbra a meio de 2000... e no princípio de 2001 éramos capa do Blitz, e enchíamos o Paradise Garage em Lisboa com os bilhetes a 17 euros na altura .... isto com os Parkinsons...como vês o Pós Tédio foi muito rápido....e nesses primeiros anos dos Parkinsons ainda mais rápido ficou pois os nossos concertos eram os ensaios, depois do primeiro concerto em Londres a coisa nunca mais parou....seguiu-se a América ,Japão e por aí fora...too fast too soon. Em relação ao "quase lá", nao tem lógica como pergunta para quem realmente me conhece pessoalmente e bem.....pois eu estive sempre "lá", desde o primeiro dia que peguei um palco, pois para mim o estar "lá" é fazer uma boa música ou dar um grande concerto.... o resto realmente não me interessa....se calhar gostava de ter mais umas patacas no bolso....mas não sou um carreirista, gosto da música pela música.......e não gosto de ninguém que se auto-intitule músico....porque não o somos, tocamos instrumentos com 6 cordas....essa é a verdade.
E a expressão "quase lá" mete-me um bocado de medo, pois vivemos numa geração que está desesperada pelo "lá" (depois acontecem coisas como em Nova York , como o menino Renato de Cantanhede).... e aí e que está o problema da nossa música no momento....bandas e "músicos", que antes ainda de fazerem uma música decente já estão na procura desesperada de um contrato discográfico ou de um manager.... Por isso essas coisas nunca me afectaram e não me vão afectar no futuro, a minha recompensa com a música é feita de outra forma....de uma maneira íntima e em forma de apreciação.....esse é o meu "quase lá".....tenho pena que essa não seja a atitude de muita outra gente no meio musical, pois a qualidade de bandas e da música mundial podia ser muito melhor... mas pouco há a fazer numa sociedade que supervaloriza a mediocridade e aniquila os bons talentos.... e assim nós ficamos com os Deolinda e os por aí além....
Quais são/foram as suas referências musicais? Quais os momentos da sua carreira que melhor recorda?
Para responder a essa pergunta, tinha que te mandar um livro.... pois primeiro que tudo sou um amante e doente por música......tornando-se difícil para mim enumerar as bandas que me influenciaram ou até mesmo os géneros musicais que andam sempre à minha volta....mas se falarmos diretamente do universo rock....no topo para mim sempre estiveram os Clash, Ramones, Cramps, Devo, Gene Vincent e por aí fora.....
A chegada dos Parkinsons a Londres é sem dúvida o Turn Point da minha carreira e da minha vida....a passagem da adolescência para homem (talvez)...
CONTINUA....
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