Porcupine Tree: The sun is a lightbulb (parte 4)

Em Maio de 2000 é lançado “Lightbulb Sun”, precedido pelo single “Four Chords That Made a Million”, que levou a banda a grandes concertos na Europa, inclusive abrindo concertos para a banda Dream Theater. O álbum segue um bocado a linha do anterior, “Stupid Dream”, se bem que com um bocado mais de peso.

A maioria dos temas pode-se dividir em dois grupos: as que são sobre relações amorosas que estão prestes a acabar, na fase em que já só resta antipatia e desprezo em relação à outra pessoa, canções como a “Hatesong”, “Russia on Ice” e “Shesmovedon” reflectem bem isso; e as que são sobre momentos nostálgicos de infância, como a “Lightbulb Sun”, “Where We Would Be” e a primeira parte da “Last Chance To Evacuate Planet Earth…”. Há ainda a “Four Chords that Made a Milion” que não se insere em nenhuma das categorias anteriores. Esta é sobre bandas que não são muito dotadas nem muito originais nos seus trabalhos, mas que mesmo assim acabam por ter grande sucesso comercial. Ironicamente a música é muito mais “mainstream” que as restantes.

A faixa-título, “Lightbulb Sun”, fala sobre aqueles momentos da infância em que estamos doentes em casa e a nossa mãe está a cuidar de nós, quase todos já passaram por esta situação. “Lightbulb Sun”, o sol é uma lâmpada, porque para um menino doente fechado em casa é como se a lâmpada fosse o sol.

A primeira metade de “Last Chance To Evacuate Planet Earth...” é uma pequena e nostálgica canção sobre um amor de infância. A segunda metade contém trechos de cassetes gravadas pelo líder do Heaven's Gate, que pregava que o suicídio os levaria a um nível superior de vida, numa nave extraterrestre localizada atrás do cometa Hale-Bopp, que na altura estava numa trajectória muito próxima da Terra. Eles acreditavam que era a única forma de “evacuarem do planeta Terra antes de ser reciclado”. Todos os 39 membros deste culto foram encontrados mortos num condomínio luxuoso no sul da Califórnia em 1997.

“Hatesong” (em baixo no video) demonstra quão ténue é a linha entre o amor e o ódio. É um tema que foi escrito por uma pessoa que guarda rancor a outra depois de terem terminado a sua relação, facilmente identificado pelas primeiras frases da letra “This is a hate song just meant for you / I thought that I'd write it down while I still could / I hope when you hear this you'll want to sue” - “Esta é uma canção de ódio dedicada apenas a ti / Eu penso que é melhor escrevê-la enquanto eu puder / Eu espero que quando tu ouças isto tu me queiras processar”. Abre logo com uma linha de baixo simples mas extremamente eficaz. O som é uma longa e pesada composição com guitarras agressivas que nos arrasta com o seu ódio durante os seus cerca de nove minutos. O título representa mesmo o sentimento e ambiente deste tema!

A fechar o álbum está um das canções mais emocionais da banda, “Feel so Low”, fala sobre o estado de espírito de uma pessoa depois de ter sido rejeitada numa relação. No fim da música podemos ouvir “thanks”, há quem diga que foi proferida por Richard Barbieri, teclista da banda, para agradecer a Steven Wilson por ter conseguido exprimir os seus sentimentos ao escrever esta canção.

“Lightbulb Sun” tem muita coisa boa para recomendar: as canções são cativantes e bem escritas, faz um uso interessante dos tons e texturas, e está muito bem produzido, tudo compilado numa obra coerente. Não é recomendável para aqueles à procura de trabalhos mais complexos e experimentais à semelhança dos últimos álbuns da banda, mas para o que é, é extremamente recomendável e bem conseguido, um álbum sólido e um dos meus preferidos.

Continua…

Porcupine Tree: O início (Parte 1)
Porcupine Tree: os anos na Delirium (Parte 2)
Porcupine Tree: Um sonho assim tão estúpido? (parte 3)

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Lightbulb Sun