Boa noite!
Hoje começo a publicar uma série de entrevistas a músicos de Coimbra.
Bem... pelo menos, tenho fé que eles me ajudem!
Para já, a coisa está a correr bem.
O primeiro entrevistado chama-se Bruno Simões e é baixista dos Sean Riley and The Slowriders, banda com 2 álbuns editados, "Farewell", de 2007, e "Only Time Will Tell", de 2009, e que navega por sonoridades como a folk, o rock e o blues.
Os restantes elementos da banda são Afonso Rodrigues/Sean Riley (voz, guitarra), Filipe Costa (teclados) e Filipe Rocha (bateria). Todos os músicos tocam outros instrumentos.
Uma das boas surpresas nos meus ouvidos nos últimos anos. Lembro-me dos bons momentos que passei e passo a ouvi-los e dos talvez 6/7 concertos a que terei assistido. Agora de repente, lembro-me das Noites Ritual e do Optimus Alive, das primeiras partes dos Wraygunn ou do TAGV. Ideal para consumir num qualquer teatro perto de si...
Mas... falando com Bruno Simões:
Acha que Coimbra tem potencialidade para ter uma cena musical, mesmo que à sua escala e a nível nacional, tal como a Manchester dos anos 80/90 ou a Nova Iorque de Patti Smith e Television?
Qualquer cidade tem a sua "cena musical". Coimbra não é assim tão diferente de qualquer outra cidade portuguesa dentro deste contexto. Coimbra tem sim pessoas interessantes e muita música boa a ser feita. Muita da visibilidade de Coimbra e da sua "cena musical" parte dos extintos Tédio Boys, por isso quase que podemos embrulhar este acontecimento musical em volta de um conjunto de pessoas. Existe em Coimbra música boa e má a ser feita. Muita da música boa (e numa visão pessoal) nasce desse conjunto de pessoas que descenderam dos Tédio Boys. A "Coimbra, capital do rock" é um emblema que acaba por surgir para tentar marcar as várias bandas formadas depois do fim dos Tédio Boys. Para mim, Coimbra já teve a sua "cena musical". Vamos ver se a música como forma de arte, cultura e símbolo social volta a ser tão forte em Coimbra como o foi entre 1990 e 2000.
Portugal tem músicos/bandas bastante conhecidos do público em geral como os Xutos, Rui Veloso, Jorge Palma, David Fonseca, Pedro Abrunhosa e mais alguns. O que falta a bandas como a vossa ou por exemplo Bunnyranch, Wraygunn, Slimmy ou Diabo na Cruz para darem esse salto, comparando por exemplo com os "novatos", mas "famosos", Deolinda?
Existem vários factores. Todos os artistas que aponta têm 20, 30 anos de carreira. Todos cantam em português excepto o David Fonseca que teve nos Silence Four o inicio da sua visibilidade (relembro que os Silence Four estão no TOP 5 dos discos mais vendidos de sempre em Portugal). Todos os artistas conhecidos do público em geral já venderam milhares de discos durante os anos em que se compravam discos. Hoje em dia, o que chega ao público em geral são produtos fabricados dentro de uma portugalidade confortável para o ouvinte. É de fácil assimilação,soa ao pó que cobre os móveis mas ao mesmo tempo é fresquinho e moderno como os neo hippies de esquerda tradicional. E se os Deolinda cantassem em Inglês? E se os Wraygunn cantassem em português?
Quais os concertos que mais o marcaram em que participou como músico? E como espectador?
Como músico não tenho nenhum em especial. Todos os de maior dimensão pelas razões lógicas (Coliseus, Optimos Alive, Paredes de Coura), mas também guardo o concerto de Vila das Aves e o do Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria como momentos marcantes.
Como espectador... Boa pergunta... Há concertos que marcam pela intensidade emotiva, outros pela energia, outros pela surpresa e outros apenas porque simplesmente estamos lá. Passei uma temporada em Londres e assisti a coisas únicas e marcantes: a hipnose do concerto dos Sigur Rós no RFH, o delírio dos Acid Mothers Temple a musicarem um clássico manga "Legend of the Overfiend", o concerto surreal dos The Fall numa Virgin Megastore, por razões sentimentais os Depeche Mode em Tartu na Estónia. Em Coimbra, a par de todos os concertos dos Tédio Boys que via e que me faziam pensar ter visto o melhor concerto do Mundo, Ursula Rucker no TAGV. Parece ridículo, mas o murro no estômago une a comparação.
Onde gostariam de chegar os Sean Riley and The Slowriders?
Sinceramente não penso muito nisso. Para mim continuar a fazer boa música e chegar ao maior número de pessoas. E tocar muito ao vivo!
Quais as suas bandas/artistas favoritas e quais as que mais o influenciam?
Os Depeche Mode no topo. Depois o meu lado negro, Nick Cave & The Bad Seeds, Joy Division, o Gothic Rock dos Bauhaus, Alien Sex Fiend, UK Decay, os Mission e os Fields of the Nephilim. O punk, o pós-punk e o punk-funk, Stooges, Clash, The Cramps, Liquid Liquid, The Fall, Wire, !!!, algum psicadelismo e 60´s, Pink Floyd, Rolling Stones, Electric Prunes, Booker T, recentemente "Congratulations" dos MGMT. Depois coisas tão variadas como os Blues Explosion, os Asian Dub Foundation, These New Puritans, Caribou, Florence & The Machine, Devendra Banhart, The Kills, Yann Tiersen, Michael Nyman, Wim Mertens, Erik Truffaz, Erykah Badu, Saul Williams.... Basicamente tudo aquilo que tenha sentimento.
Obrigado Bruno, pelo tempo, e felicidades!
Encontramo-nos num concerto qualquer!
1 comentário:
Entrevista muito bem conseguida. Aposto que o Bruno Simões gostou de a dar e não vai esquecer os 15m de fama em '(A)corda'!
Espero que hajam mais destas.
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